Cachorro com medo de trovão?

O céu escurece, as nuvens se fecham e, de repente, um estrondo corta o silêncio. Você pode até achar que é só mais uma tempestade qualquer, mas para muitos cães, esse momento representa puro terror.

Se você tem um cachorro com medo de trovão, como eu, saiba que ele não está apenas "assustado", ele pode estar entrando em um estado de pânico real, ativado por processos profundos da neurociência comportamental canina. 

Por aqui, o Bóris, meu Dálmata de 7 anos, sente a chuva chegando antes mesmo do primeiro trovão. Apenas com aquele ventinho mórbito de chuva, ele já começa a se tremer, mas antes, o trauma que ele havia dessa situação era tão severo, que o bichinho de debatia no chão e neste artigo vou te contar o que fiz para melhorar isso. 

Por que o cachorro tem medo de trovão? 

O cérebro canino reage de forma instintiva a sons altos e repentinos como os trovões. A amígdala, parte do cérebro responsável pelas respostas ao medo, é ativada intensamente durante estes momentos, gerando uma reação de fuga, tremores, vocalizações excessivas ou até comportamento destrutivo e "sem nexo". 

Essa resposta é ancestral. Na natureza, barulhos altos podem significar perigos como deslizamentos, predadores ou mudanças bruscas no ambiente. Mesmo domesticado, o cérebro do cachorro mantém essa programação primitiva. E, diferente dos humanos, ele não entende que o trovão não representa uma ameaça direta, o que torna tudo ainda mais assustador.

Como identificar um cachorro com medo de trovão

Apesar de, na grande maioria dos casos, os comportamentos serem óbvios. Em alguns casos eles não apresentam comportamentos intensos, mas saiba que durante este momento o cérebro do que cão está sendo inundado de hormônios ruins, como o cortisonal, prejudicando seu bem-estar.

Seu cão pode estar sofrendo com essa fobia e você talvez nem tenha percebido todos os sinais. Fique atento aos comportamentos como:

- Tremores e respiração ofegante;
- Tentar se esconder ou se enfiar em lugares apertados;
- Latidos excessivos ou choramingo;
- Fazer xixi ou cocô fora do lugar;
- Salivação;
- Agressividade fora do comum (como forma de defesa);
- Tentativas de fuga.

Esses sinais podem variar de cão para cão, mas todos indicam um estado emocional de grande estresse. E sim, o cachorro com medo de trovão está, de fato, em sofrimento. Continue nessa leitura que vou te ajudar a reduzir este impacto no cérebro deles.

O que fazer para ajudar um cachorro com medo de trovão

Agora que você entende o que acontece no cérebro do seu cão, vamos às soluções baseadas em neurociência comportamental com métodos positivos e com muita empatia:

1. Crie um ambiente seguro: Escolha um cômodo com menos entrada de som e crie um "esconderijo" com cobertores, brinquedos e itens com seu cheiro. Isso transmite segurança. Se possível, uma caixa de transporte. Institivamente eles têm comportamento de tocaia, portanto, ela vai ajudar MUITO.

2. Não brigue ou force contato: Forçar carinho ou tentar "mostrar que está tudo bem" nem sempre ajuda. O mais importante é permitir que ele escolha como quer lidar com o medo dele. Respeitar, sem repreções, neste é fundamental.

3. Use reforço positivo: Quando ele se acalmar ou mostrar comportamento tranquilo durante a tempestade, recompense com petiscos e elogios. Isso faz ele entender que está tudo bem. Música ajuda bem! 

4. Experimente sons brancos: Ventiladores, secadores de cabelo ou playlists de "som branco" ajudam a mascarar o barulho do trovão e podem reduzir a ansiedade. Um som branco nada mais é que um som de ruído contínuo. Sua frequência mascara ruídos do ambiente. 

5. Terapias comportamentais: A dessensibilização sistemática (apresentar o som do trovão gradualmente, em volumes baixos e seguros) pode treinar o cérebro do cão a reagir com menos intensidade. Em paralelo, ofereça algo que ele goste e tenta fazer com que o ambiente se torne positivo no momento dos trovões.

6. Florais ou suplementos naturais: Sempre com orientação de um veterinário comportamental, podem ajudar a reduzir o nível geral de estresse.

7. Consultoria com especialista: Se o problema for grave, como já foi o do Bóris, o ideal é procurar um especialista comportamental neuropositivo ou veterinário especializado em neurociência e comportamento animal. No caso do veterinário especialista, ele pode usar medicamentos que ajudam neste momento. 

A importância do vínculo e da confiança

Cuidar de um cachorro com medo de trovão é, acima de tudo, um exercício de empatia e conexão. Ele precisa sentir que pode confiar em você mesmo nos momentos de crise. E essa confiança não nasce apenas nas tempestades, ela é construída diariamente, com respeito, consistência e amor.

Lembre-se: o medo do seu cão não é frescura. É neurobiologia pura, misturada com experiências passadas e, muitas vezes, com traumas que você talvez nem conheça. Seu papel é ser o porto seguro dele.

Conclusão: Seu cachorro pode superar esse medo

Você não está sozinho nessa missão. Muitos tutores, como eu também, enfrentam o desafio de ter um cachorro com medo de trovão, e a boa notícia é que há caminhos possíveis para melhorar a qualidade de vida do seu amigo. Com paciência, ciência e muito carinho, você pode transformar momentos de pânico em oportunidades de conexão profunda.

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Seu melhor amigo merece viver sem medo e você pode ser a chave dessa transformação.